Saiba como se preparar para a colonoscopia
Não tem como escapar: mais cedo ou mais tarde, todo mundo vai se deparar com a colonoscopia, o exame que avalia a saúde do intestino e é essencial para diagnosticar doenças – desde as inflamatórias até os tumores. Por ser rodeada de tabus e preconceitos, muitas pessoas adiam essa avaliação, que pode ser solicitada em um check-up de rotina após os 45 anos ou antes se o paciente tiver algum sintoma – como perda de peso sem motivo aparente e/ou sangramento nas fezes –, ou ainda algum fator de risco para o câncer.
Assim, se houver casos de câncer de intestino na família, a colonoscopia deve ser feita dez anos antes da idade com que o familiar mais jovem foi diagnosticado. Portadores de síndromes genéticas que elevem o risco desse tumor devem fazer um primeiro exame precocemente, muitas vezes ainda na infância.
Colonoscopia: exame é rápido, indolor e salva vidas
Principalmente agora, quando se tem notado o aumento dos casos de câncer colorretal, inclusive entre os mais jovens. A boa notícia é que a colonoscopia, dependendo do histórico do paciente e do resultado da colonoscopia anterior, pode ser repetido somente a cada dez anos. A periodicidade do exame poderá ser menor – alguns pacientes fazem anualmente –, dependendo dos fatores de risco desse paciente.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de intestino é o segundo mais incidente no Brasil, atrás apenas dos de próstata e de mama. Estima-se que 46 mil novos casos surgirão no triênio 2023-2025. O Inca também registrou o aumento da incidência nos mais jovens, na faixa dos 20 aos 49, e naqueles entre 50 e 69 anos no período de 2000 a 2015. A doença está muito associada à alimentação pobre em fibras e com excesso de ultraprocessados e carne vermelha, além de sedentarismo e obesidade.
Por que fazer?
O câncer de intestino tem altíssima chance de cura se detectado precocemente. A grande vantagem é que ele normalmente leva anos para se desenvolver e costuma surgir a partir de pólipos, que são lesões benignas que se formam na parede do órgão. Assim, na colonoscopia, é possível visualizá-los e retirá-los ao mesmo tempo, muito antes de virarem câncer.
“É um exame de baixo risco, que ajuda tanto a diagnosticar precocemente quanto a prevenir a doença. Quando bem indicado, o benefício é muito maior do que os riscos”, diz o gastroenterologista Rafael Ximenes, do Hospital Israelita Albert Einstein, em Goiânia. “Com o avanço da técnica e a melhoria dos equipamentos, o risco de complicações é raro”, ressalta o médico, que enfatiza a importância de profissionais experientes, principalmente para os casos que exigem algum tratamento, como a ressecção de lesões maiores.
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Como é feito o exame de colonoscopia?
O exame em si é bastante simples: um tubo bem fino, com uma câmera na ponta, é inserido no paciente via anal. Com o auxílio desse equipamento, chamado colonoscópio, o médico consegue explorar todo o intestino grosso e uma parte do delgado e reto, fazendo imagens e retirando as lesões quando for o caso.
Dessa forma, tudo é feito sob sedação, portanto a pessoa não sente nada. Dura em torno de meia hora ou 40 minutos – mas pode ser um pouco mais, dependendo das lesões a tratar.
O preparo para o exame
Essa é a parte que assusta muita gente, pois requer uma restrição alimentar rigorosa na véspera do exame. O sucesso da colonoscopia, explica o médico, depende do preparo adequado, o que significa que o intestino deve estar completamente limpo de qualquer resíduo. Portanto, estima-se que algo em torno de 20% dos exames não podem ser realizados porque o preparo foi incorreto, o que muitas vezes só é percebido na hora. Além disso, essa falha leva a maior demora e maior taxa de complicações, além da possibilidade de não detectar as lesões. Por isso, a orientação é seguir rigorosamente as instruções para não ter que repetir a dose.
Como explica Ximenes, o preparo correto começa quando o médico pede o exame. “É a horar de conversar sobre a indicação, os benefícios e os riscos. Portanto, essas informações são essenciais para tranquilizar o paciente”, diz o médico.
Cuidados pré-exame de colonoscopia
Os cuidados com a alimentação começam um ou dois dias antes, dependendo das orientações. Portanto, normalmente, na véspera você não vai poder ingerir absolutamente nada sólido, apenas líquidos claros, para evitar que a coloração seja confundida com sangue.
Em seguida, são liberados sucos de frutas sem resíduos, como laranja e maçã, água de coco, chá de camomila, picolés de fruta, como limão (sem leite), e gelatinas claras. No almoço e no jantar, apenas um caldo ralo e coado. Assim, dependendo do caso e das orientações médicas, a suplementação líquida pode ser recomendada.
Além da dieta especial, é preciso tomar remédios com efeitos laxativos para auxiliar na eliminação dos resíduos. A partir daí, a pessoa evacua várias vezes durante algumas horas, até que a limpeza esteja completa. Porém, ao final, as fezes devem estar completamente líquidas e claras, com o aspecto similar ao de urina ou guaraná.
Por envolver diarreia, é essencial se hidratar muito bem. Mas duas horas antes do exame não se pode tomar absolutamente nada. Assim, pacientes com maior risco de desidratação podem precisar de preparo hospitalar para receber a hidratação endovenosa.
Ao agendar o exame, procure tirar todas as dúvidas e mencionar qualquer medicamento de uso contínuo. Alguns, como os que afetam a coagulação, devem ser suspensos.
Dessa forma, a colonoscopia pode acontecer em qualquer horário, mas tenha em mente que, ao fazer no período da manhã, a parte mais difícil do preparo acontece de noite e pode atrapalhar o sono. Também leve em conta que são dois dias em que as atividades normais estarão um pouco mais limitadas.
E após o exame?
Por fim, ao acordar completamente da sedação, já se pode comer algo leve e ir para casa. Normalmente não há nenhum desconforto, mas podem surgir dores leves e gases, que somem em poucas horas. Assim, nesse dia, não se deve fazer atividade física nem dirigir, e nem se recomendam tarefas que exijam muita atenção. Em caso de tratamento em lesões, pode haver um leve sangramento nas fezes no dia seguinte.
Fonte: Agência Einstein.