Cigarro eletrônico: O que você precisa saber

Saúde
28 de Abril, 2022
Cigarro eletrônico: O que você precisa saber

Definitivamente vivemos a era da eletrônica.  As antigas e românticas cartas manuscritas viraram “e-mail”, os livros são “e-books” e até os cigarros podem ser  “e-cigarros” ou “e-cig”, como é conhecido o cigarro eletrônico.

Como funciona o cigarro eletrônico? Tem nicotina?

O e-cigarro é um dispositivo com o mesmo aspecto e cores do cigarro tradicional,  visando uma simulação fidedigna do ato de fumar. Na sua extremidade pode até ter uma luzinha de LED que acende, como se estivesse queimando. No entanto, o produto inalado não é virtual. É bem real e sim, pode conter nicotina. O cigarro eletrônico possui, em seu corpo, um aparelho vaporizador que contem nicotina e um veículo líquido, que pode ser o propilenoglicol. Assim, quando acionado, o líquido é evaporado e inalado junto com a nicotina. Há vários modelos. Alguns são descartáveis, outros reutilizáveis.

Quais os efeitos da nicotina no organismo?

A nicotina  é reconhecidamente a substância do cigarro que mais induz ao vício. Pois, tem uma ação ultrarrápida: depois de inalada, em apenas 10 segundos atinge o sistema nervoso central e lá desencadeia seu efeito principal: libera  neurotransmissores que induzem à sensação de prazer. Depois de duas horas, quando o nível no sangue destes neurotransmissores cai, vem o desconforto da “abstinência” e está no hora do próximo cigarro.

Leia também: Vacina da gripe: esclarecendo dúvidas importantes

Uma vez que contem a nicotina, qual a vantagem do e-cigarro?

Quando queima, o tabaco tradicional libera aproximadamente 5000 substâncias potencialmente tóxicas. Destas, acredita-se que umas 60 podem ser cancerosas. Mas, o cigarro eletrônico não possui nenhuma destas substâncias. Esta é uma vantagem. Além disso, o e-cigarro minimiza alguns outros efeitos deletérios do tabaco como mau hálito, tosse e diminuição do olfato e do paladar, por exemplo. No e-cigarro outras substâncias podem ser acrescentadas à nicotina ou inaladas  de forma independente, como essências aromáticas de chocolate, morango ou menta, tentando fazer o cigarro eletrônico mais “gostoso” que o tradicional.

Quais as desvantagens do cigarro eletrônico?

Estudos realizados nos Estados Unidos com os cartuchos utilizados nos e-cigarros demonstraram que em muitos deles, de variadas marcas diferentes, havia substâncias não especificadas, potencialmente tóxicas ou cancerígenas e com concentrações duvidosas, que poderiam ser deletérias para a saúde das pessoas. Por esta razão, o FDA ( Food and Drug Administration- órgão americano responsável pela fiscalização de alimentos e remédios) desaconselha e desencoraja o uso destes dispositivos. Além disso, a quantidade de nicotina inalada no e-cigarro pode ser de 6 a 18 vezes maior que no cigarro tradicional.

E no Brasil? Os e-cigarros podem ser comercializados?

Não. A comercialização dos cigarros eletrônicos está proibida aqui no Brasil pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A justificativa é que não há indícios suficientes que atestem a segurança destes aparelhos e de seus produtos inalados para a saúde das pessoas. No entanto, muitos brasileiros os compram no exterior e os utilizam aqui.

O e-cigarro ajuda a parar de fumar?

 Até o momento não há nenhuma evidência científica comprovando que o cigarro eletrônico ajude pessoas a parar de fumar. Mais estudos sérios, metodologicamente corretos precisam ser conduzidos para se ter uma posição melhor a este respeito.

Assim, é fácil reclamar dos fumantes, mas todos sabemos que não é fácil parar de fumar. Quem quer e não consegue, sofre bastante. Há que se ter muita determinação e firmeza. Não há dispositivo eletrônico, e provavelmente nunca haverá, que supere a força de vontade das pessoas.

dra ana escobar

Sobre o autor

Dra. Ana Escobar
Dra. Ana Escobar (CRM 48084) @draanaescobar Médica pediatra formada pela FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), pela qual também obteve Doutorado e Livre Docência no Departamento de Pediatria. Atualmente é membro do Conselho Diretor do Centro de Desenvolvimento da Infância de Medicina da USP

Leia também:

Saúde

Infarto aumenta o risco de desenvolver complicações de saúde a longo prazo

Pessoas com histórico de infarto têm mais risco de desenvolver outros problemas de saúde a longo prazo, como insuficiências cardíaca e renal, arritmias e até depressão,

Saúde

Infarto aumenta o risco de desenvolver complicações de saúde a longo prazo

Problemas como insuficiências cardíaca e até depressão são mais frequentes em quem sofreu um ataque cardíaco

Bem-estar Equilíbrio Saúde

“É impossível ser feliz sozinho”: cultivar relacionamentos está entre os segredos para viver mais

Indo na direção contrária da longevidade, um estudo revelou que quase ¼ das pessoas em todo o mundo se sentem sozinhas