Ceratocone: entenda a condição que afeta a curvatura da córnea

Saúde
14 de Abril, 2022
Ceratocone: entenda a condição que afeta a curvatura da córnea

O ceratocone é uma doença que afeta a curvatura da córnea. Segundo Marcelo Brito, médico oftalmologista, o problema se manifesta principalmente durante a adolescência e início da fase adulta. Como o próprio nome sugere, a córnea apresenta o formato de cone, pois a espessura de sua camada central vai ficando mais fina e sendo empurrada para fora. Além de alterar sua anatomia, a visão é comprometida de diversas formas, dependendo da evolução do quadro.

Veja também: Presbiopia ou “vista cansada”: condição surge pelo envelhecimento natural dos olhos

Causas do ceratocone

De acordo com a Sociedade de Oftalmologia, o ceratocone tem cerca de 150 mil episódios por ano no Brasil. A princípio, o problema pode acometer os dois olhos de formas distintas. Em outras palavras, um dos olhos pode ser mais prejudicado do que o outro.  

Normalmente, a enfermidade está relacionada a fatores genéticos. “Muitos indivíduos com ceratocone possuem casos na família. Outra possível origem é a fricção excessiva dos olhos, que ocorre quando a pessoa coça demais a região devido à sensibilidade ou a alergias”, explica Brito. Inclusive, o ceratocone tem mais chances de se instalar entre pessoas com essa característica alérgica.

Há ainda outros fatores que favorecem o desenvolvimento do ceratocone, como síndrome de Down ou doenças congênitas nos olhos. Por exemplo, catarata e esclerótica azul.  

Sintomas

O principal é o quadro de astigmatismo, alteração que faz com que a pessoa enxergue borrões ou apresente a visão duplicada tanto para longe ou para perto, justamente por conta da deformação na córnea. “Também pode haver coceira no olho afetado, apesar de não ser um requisito para o diagnóstico”, acrescenta Marcelo Brito. Casos graves evoluem a condição do astigmatismo e desencadeiam outras deficiências que causam a perda progressiva da visão, tais como:

  • Fotossensibilidade.
  • Alterações nas pálpebras por causa do formato cônico da córnea.
  • Dificuldade em enxergar em ambientes mais escuros e à noite.

Diagnóstico

No próprio consultório, o oftalmologista consegue deduzir a manifestação do ceratocone ao observar os reflexos da córnea. “Porém, o exame mais eficaz para fechar o diagnóstico é a topografia, que mede a curvatura da córnea e, com base nos dados, é possível checar o estágio do ceratocone”, afirma Brito.

Tratamento

Muitos casos de ceratocone possuem uma curva de crescimento e param de avançar. “Quando o estágio da deformação é leve, o uso de lentes de contato rígidas ajuda a manter a qualidade da visão. Também é possível realizar o cross linking, método que ajuda a fortalecer as moléculas de colágeno da córnea para evitar o progresso do abaulamento. Contudo, em casos moderados e graves, quando o uso de óculos convencionais e as alternativas anteriores não foram eficientes, são exigidos outros procedimentos cirúrgicos”, explica o oftalmologista. Veja quais:

Estágio moderado: anel de Ferrara

Desenvolvida no Brasil, trata-se de uma técnica ortopédica que corrige a curvatura da córnea. A intervenção ajuda a melhorar a qualidade da visão e evita que a córnea sofra o afinamento progressivo. Um dos principais benefícios é que o implante não provoca rejeição. Também não causa dor e sua cirurgia é rápida e de recuperação simples.

Estágio grave: transplante de córnea

A substituição da córnea por outra de um doador é necessária quando a original possui grau severo de curvatura e afinamento. Dessa forma, o indivíduo precisa entrar na fila do transplante de córnea, que é relativamente rápida em relação à espera de outros órgãos. O procedimento é simples e o paciente é anestesiado para não sentir dor.

Geralmente a cirurgia não apresenta complicações e a pessoa costuma receber alta no mesmo dia. No entanto, há a possibilidade de rejeições ao transplante, e o paciente precisa fazer visitas frequentes ao oftalmologista para a retirada dos pontos da córnea. Essa remoção é gradual – ou seja, os pontos não são retirados de uma vez. Por isso, muitas vezes é necessário ir a cada semana ou 10 dias para observar a cicatrização e os pontos, processo que pode levar até 60 dias. Por outro lado, o paciente apresenta melhoras na visão e os desconfortos causados pelo ceratocone.

Perguntas frequentes sobre ceratocone

Afinal , a doença tem cura?

Não existe a cura definitiva. Em outras palavras, não há garantias de que o ceratocone irá desaparecer completamente com os métodos e cirurgias disponíveis. Apesar disso, o controle da doença é extremamente viável, e há casos em que as intervenções ajudam a evitar a progressão do problema, como o transplante de córnea em quadros graves.

Dá para prevenir o surgimento do ceratocone?

Alguns hábitos podem minimizar as chances de contrair a condição. Principalmente se a causa estiver relacionada a coceiras persistentes nos olhos, pois é possível controlá-las por meio de tratamento contra a alergia. Logo, evitar o atrito entre os dedos e olhos, utilizar colírios lubrificantes e prevenir-se contra os causadores de crises alérgicas é uma forma de reduzir a probabilidade favoráveis à doença.

Fonte: Marcelo Brito (@dr.marcelobrito), médico oftalmologista – CRM: 18871/RQE:415.

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