Em menos de 3 meses, Brasil supera casos de dengue de 2023

Saúde
18 de Março, 2024
Em menos de 3 meses, Brasil supera casos de dengue de 2023

Na última sexta-feira, 15/3, o Brasil registrou 1.684.781 casos de dengue. A marca histórica supera 2023, quando os registros chegaram a 1.658.814 casos. Estima-se que os números devam subir ainda mais já que o registro de casos foi ultrapassado em apenas nos primeiros 3 meses do ano. Com esse cenário, o país passa a ter o 2º pior ano da doença. O recorde de casos aconteceu em 2015 com 1.688.688.

Até o momento, foram registradas 513 mortes a partir de janeiro, mas outros 903 casos estão em investigação. Mulheres representam o público com maior incidência da arbovirose, com mais de 55% dos casos. Já a faixa etária mais recorrente é de 20 aos 29 anos, representando 19% do total. Saiba mais a seguir!

Mudanças climáticas justificam a alta

Segundo o estudo “Mudanças climáticas, anomalias térmicas e a recente progressão da dengue no Brasil”, publicado no portal Scientific Reports da Nature, a explosão de casos foi impulsionada pelas mudanças climáticas de 2024. 

Dessa forma, secas, inundações e outros eventos extremos podem contribuir com o aumento de casos até mesmo em regiões do país em que a doença não era tão comum, como regiões do Sul e Centro-Oeste. A degradação ambiental também tem participação no aumento de casos, especialmente no que se refere ao desmatamento, queimadas e novos pastos na região do Cerrado. 

“As constantes ondas de calor causadas pelas mudanças climáticas associadas à urbanização incompleta e à grande circulação de pessoas em determinadas áreas estão influenciando na expansão da dengue para o interior do país”, aponta a FioCruz (Fundação Oswaldo Cruz) em nota.

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Para Christovam Barcellos, pesquisador do Laboratório de Informação em Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Lis/Icict), as ondas de calor estão diretamente ligadas com o aumento de casos:

“No interior do Paraná, Goiás, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul, o aumento de temperaturas está se tornando quase permanente. A gente tinha cinco dias de anomalia de calor, agora são 20, 30 dias de calor acima da média ao longo do verão. Isso dispara o processo de transmissão de dengue, tanto por causa do mosquito quanto pela circulação de pessoas”, diz Barcellos.

“Nessas regiões que estão sofrendo com altas de temperatura, também temos visto um desmatamento muito acelerado. E dentro do Cerrado Brasileiro há as cidades que já têm ilhas de calor, áreas de subúrbio ou periferias com péssimas condições de saneamento, tornando mais difícil combater o mosquito”.

Brasil supera casos de dengue: prevenção é a melhor alternativa 

De acordo com informações do Ministério da Saúde, cerca de 75% dos focos do Aedes aegypti estão dentro dos domicílios. Além disso, o período de chuvas e de calor intenso é propício para a proliferação do mosquito, já que ele se multiplica em espaços úmidos e quentes. 

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A prevenção contra o mosquito, no entanto, começa com tarefas simples dentro de casa. É importante prestar muita atenção em recipientes úmidos, afinal, o Aedes aegypti costuma colocar seus ovos nestes locais. Para isso, observe com atenção os quintais, evitando o acúmulo de água em pneus, calhas, vasos, pratos de plantas, caixas d’água descobertas, entre outros.

A seguir, veja outras dicas de prevenção:

  • Use repelentes indicados pela ANVISA, repassando de duas vezes a três ao dia, evitando rosto e mãos;
  • Use roupas protetoras;
  • Instale telas protetoras contra mosquitos;
  • Evite viagens a áreas de maior incidência do mosquito;
  • Por fim, mantenha a hidratação ao longo do dia;

Assim, diante de uma eventual contaminação pelo vírus, o paciente deve manter hidratação constante, repouso sob observação rígida e medicação sintomática para febre e dores. Além disso, é importante procurar ajuda médica em caso de sintomas inesperados. 

Previsão de imunização 

A expansão da estratégia de vacinação contra a dengue no país será gradativa, à medida que novas doses da vacina sejam disponibilizadas pelo fabricante ao Ministério da Saúde. Dessa forma, ao longo de 2024, serão oferecidas 6,2 milhões de doses contra a dengue através do SUS. Nesses casos, o imunizante disponível é a QDenga, do laboratório Takeda. Porém, nas redes privadas, a vacina disponível é a Dengvaxia.

Dessa forma, estima-se que cerca de 3,1 milhão de pessoas possam receber a vacina pelo SUS ainda neste ano, considerando o esquema de duas doses e um intervalo de 3 meses entre as aplicações.

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