Brasil lidera índice de insatisfação com a vida na América Latina

Equilíbrio
07 de Fevereiro, 2020
Brasil lidera índice de insatisfação com a vida na América Latina

Com a chegada do Carnaval – a melhor época para os brasileiros – as pessoas transbordam as ruas do país com alegria, folia e muito brilho. Entretanto, por mais contraditório que pareça, o índice de insatisfação no Brasil é o mais elevado entre os países latino-americanos como Argentina, Colômbia e México. 

As principais fontes para essa angústia estão no campo financeiro e profissional: 57% acredita que irão precisar reinventar a carreira nos próximos anos e 80% têm algum projeto que não conseguem tirar do papel. 

A pesquisa, chamada Economia do Mal-Estar – Novos Olhares para uma Sociedade Cansada, foi conduzida pelo antropólogo Michel Alcoforado, que foi motivado pela curiosidade de entender as causas e efeitos de fenômenos que ganharam força de quatro anos pra cá. Como a explosão dos livros de autoajuda e a expansão da indústria do coaching. 

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Em 2019 por exemplo, o gênero autoajuda dominou a lista dos 15 livros mais vendidos no Brasil. Além disso, segundo a análise, a forma como os brasileiros mais procuravam ajuda era consumindo conteúdo sobre aprimoramento pessoal.

Indicativos de mal-estar

  • 8 em cada 10 brasileiros possuem algum projeto que não consegue tirar do papel;
  • 41% sentem que não estão fazendo tudo o que podem pela sua felicidade;
  • 35% sentem-se mais negativos ao acompanhar a vida alheia nas redes sociais ;
  • 57% sentem que irão precisar reinventar a carreira nos próximos anos;
  • 3 em cada 10 sentem que precisam estar no topo de sua performance para manter seu emprego;
  • 58% gostariam de melhorar a produtividade;
  • 75% estão em busca de autoconhecimento.

Da onde vem essa insatisfação? 

Para o antropólogo, uma hipótese que explicaria essa insatisfação para alimentar esses mercados em ascensão é a de que o sentimento é inerente à transformação da sociedade contemporânea, ao estabelecer nova relação com o trabalho

Na visão de Alcoforado, esse fenômeno teria se intensificado ultimamente, com o empreendedorismo e com as redes sociais, em que todos estão vivendo a vida em quadradinhos (família, trabalho, relacionamentos, carreira, saúde, crescimento pessoal).

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Dessa forma, na atualidade, as pessoas precisam mostrar para os outros que estão felizes em todas as áreas da vida. Se estão bem com a família, mas não com o trabalho, não se sentem felizes. Com isso, a percepção de fracasso fica maior ainda. 

Na medida em que a sociedade entende bem-estar como estado permanente de felicidade, passa a produzir na prática uma insatisfação contínua, uma vez que tem expectativas de que toda e qualquer realização não faça nada mais do que cumprir a promessa.

Sobre o autor

Julia Moraes
Jornalista e repórter da Vitat. Especialista em fitness, saúde mental e emocional.

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