Bariátrica: Cirurgia reduz risco de dano ao fígado gorduroso
Além de ajudar a perder peso, a cirurgia bariátrica reduz drasticamente o risco de danos ao fígado. Isso é o que revela uma pesquisa publicada no Jama que acompanhou mais de 1.100 pacientes com esteatose hepática não alcoólica (NASH, na sigla em inglês), o acúmulo de gordura no fígado, tratados na Clínica Cleveland, nos Estados Unidos.
Acima de tudo, a obesidade é um dos principais fatores de risco para a esteatose. Isso porque o excesso de gordura corporal se deposita em vários locais, inclusive no fígado, elevando o risco de complicações como fibrose (formação de cicatrizes), cirrose, câncer no fígado e até mesmo de morte. Fatores genéticos e a presença de diabetes tipo 2, por exemplo, também influenciam a doença.
Para chegar ao resultado, os pesquisadores compararam dados de pacientes com obesidade mórbida que tinham se submetido à cirurgia bariátrica com aqueles que fizeram apenas acompanhamento não cirúrgico, ao longo de 12 anos. Todos passaram por uma biópsia para avaliar a saúde do órgão antes e depois. Foram avaliados os desfechos tanto para o fígado como para problemas cardíacos. Por fim, aqueles que foram operados tiveram quase 90% menos chances de desenvolver complicações como cirrose ou câncer, além de menor risco de doença cardiovascular, como infarto e derrames.
Bariátrica e gordura no fígado
Ainda não há um medicamento específico capaz de eliminar a gordura do fígado. O único tratamento disponível é a perda de peso, por meio, sobretudo, de dieta e atividade física. “Isso comprovadamente é capaz de melhorar e até reverter a inflamação e, em alguns casos, a própria fibrose”, explica a hepatologista Bianca Della Guardia, do Hospital Israelita Albert Einstein. Uma redução maior e sustentada acima de 10% do peso na balança é capaz de regredir a cicatriz (fibrose) que se forma no órgão agredido.
Estima-se que entre 25% e 30% da população mundial tenha algum grau de esteatose, embora apenas um quarto deles possam desenvolver complicações. “Esses números estão relacionados à epidemia de obesidade que vivemos”, diz Bianca. “Mesmo o sobrepeso já prejudica o fígado. E o problema acontece também nas crianças e nos chamados ‘falsos magros’, que aparentemente não têm excesso de peso, mas na realidade apresentam muita gordura visceral”, alerta a especialista.
Além disso, vale lembrar que a cirurgia bariátrica é um procedimento que envolve vários riscos e tem indicações bem precisas. “Para esses pacientes, o estudo mostra um benefício a mais da cirurgia, além do emagrecimento. Para os demais, o ideal é adotar bons hábitos de vida, com alimentação saudável e atividade física”, recomenda.
Leia também: Vitaminas e minerais pós-cirurgia bariátrica: quais devo repor?
NASH DAY
O excesso de gordura no fígado é um problema de saúde pública. Desde 2018, o Global Liver Institute (GLI), instituição internacional cuja missão é promover informações e ampliar as abordagens para combater as doenças hepáticas, instituiu o dia 12 de junho como o Dia Internacional de Combate à Esteatose Hepática Não Alcoólica (NASH Day). Assim, o objetivo é fazer com que a comunidade médica e a sociedade como um todo foquem no alerta sobre os riscos. Além disso, eles devem apontar medidas de prevenção, formas de diagnóstico e conscientização sobre essa doença que se tornou um problema de saúde pública.
Fonte: Agência Einstein