Autoestima: O que é e como melhorar a sua
A autoestima é a capacidade que temos de gostar de nós mesmos, de nos sentirmos bem, felizes e confiantes mesmo quando nada está bem ao nosso redor — porque sabemos o nosso valor. Esse estado de “amar a si mesmo” requer atitudes como o autorrespeito, a autoaceitação e o autoconhecimento. Saiba mais:
Mas afinal, o que é autoestima?
Basicamente, é a autoestima que determina a maneira como as pessoas se relacionam com o mundo, encaram os desafios da rotina diária e se protegem ou se expõem em situações que exigem controle emocional.
No entanto, o grande problema é que o número de pessoas com baixa autoestima só aumenta, o que pode trazer efeitos negativos, aumentando o risco de doenças como ansiedade e depressão.
A boa notícia é que é possível restaurar esse relacionamento com você e ser feliz e positivo. Pode ser uma tarefa desafiadora e demorada, que talvez exija ajuda profissional, dependendo de cada caso.
É normal se julgar em alguns momentos, a começar pelo corpo. Principalmente as mulheres, que ainda sofrem com a pressão imposta por padrões de beleza que sempre existiram e mudam de acordo com a época que vivemos.
“O sentimento de frustração é o principal vilão da autoestima. Isso porque a pessoa não se reconhece como merecedora de coisas boas, tampouco enxerga suas qualidades, nem se valoriza como o ser humano que é”, pontua Silvia Donati, coach e leader coach pela Sociedade Brasileira de Coaching.
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Pilares da autoestima
- Autoaceitação: Ou seja, estar de acordo com o que você é e com o seu corpo;
- Autoconfiança: Isto é, ter a convicção de que você é capaz de alcançar algo ou de superar algum problema;
- Habilidade social: Por fim, viver experiências sociais com equuilíbrio.
Baixa autoestima
É muito comum as pessoas relacionarem a baixo autoestima à aparência e a insatisfação com o corpo. Mas baixo autoestima também está ligada à dificuldade de autoaceitação, insegurança e a falta de confiança em si mesmo. Assim, pessoas inseguras não enxergam as próprias qualidades e habilidades, sempre se colocando para baixo.
Uma pesquisa realizada pela Kantar, empresa de consultoria, mostrou que 20% das participantes mulheres tinham autoestima baixa. Já entre os homens, apenas 10% relataram sofrer com o problema.
Como identificar
Segundo Donati, há ainda outras formas de detectar a baixa autoestima. Algumas delas:
- Você projeta a sua felicidade em fatores externos: Em outras palavras, você só fica feliz quando compra algo novo, viaja, conquista uma promoção ou ganha dinheiro. “A autoestima não depende de acontecimentos para existir. É um estado de felicidade e equilíbrio interno”, esclarece a coach;
- Há a necessidade de reconhecimento e de aprovação de terceiros: Se não houver alguém elogiando seu trabalho ou sua atitude, haverá frustração e sentimentos de inferioridade rondando os pensamentos;
- O autojulgamento é tão constante que atrapalha até mesmo o relacionamento com outras pessoas: Por exemplo, é difícil aceitar um elogio de alguém sobre sua aparência ou trabalho – há uma cobrança excessiva para ser bom em tudo;
- Você está insatisfeito com a própria aparência, sempre buscando formas de mudar o visual: Porque a imagem atual nunca está boa o bastante para o indivíduo;
- Você se compara com os outros, criando uma distorção de imagem de si próprio: Esse distúrbio está cada vez mais frequente por causa das redes sociais — influenciadores e celebridades postam sobre suas vidas e selfies “perfeitas”, o que aumenta a decepção por não ter aquele status e aquela aparência. Sabe o ditado “a grama do vizinho é sempre mais verde”? Pois é exatamente esse sentimento despertado com esse tipo de conteúdo virtual.
Causas
A autoestima não surge de um dia para o outro. Ou seja, ela vai se moldando conforme as experiências que vivenciamos ao longo da vida – especialmente na infância e adolescência. As causas para a baixa autoestima surge por vários motivos, entre eles, podemos citar:
- Falta de afeto por parte dos pais;
- Castigos frequentes;
- Bullying;
- Violência física ou psicológica;
- Não receber incentivo e elogios;
- Ser intimidado;
- Abuso.
O desemprego também é um grande fator para desenvolver baixa autoestima. De acordo com um estudo feito pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 56% dos brasileiros desempregados apresentam sintomas de baixa autoestima e depressão.
Riscos para a saúde
Autoestima baixa é coisa séria, que pode levar a transtornos nocivos para a saúde mental, como depressão, ansiedade, síndrome do pânico, bulimia, anorexia e outros distúrbios. Ou seja, o que parece inofensivo, pode virar doença e situações mais extremas – automutilação e até suicídio.
Como já dito anteriormente, as redes sociais são grandes potencializadoras desse sentimento de insegurança com a própria imagem e/ou personalidade. Recentemente, por exemplo, virou febre um desafio no TikTok que ilustra bem a ideia: o som de musiquinhas animadas, você ativa um aplicativo que espelha a sua face na câmera frontal do celular. Desse modo, o objetivo é analisar se seus olhos estão na mesma altura, se as sobrancelhas são idênticas ou se seu nariz fica exatamente no centro do rosto. Quanto mais “harmônico” você é, mais belo é considerado na sociedade atual.
Contudo, o fisioterapeuta dermatofuncional Igor Lustosa explica que nosso rosto não é simétrico. “Todos nós temos alguma diferença de volume ou formato em alguma região dele. E muitas dessas variedades na simetria podem gerar desconfortos e afetar a autoestima das pessoas”, ele diz.
Dismorfofobia
A dismorfofobia – ou transtorno dismórfico corporal – é um transtorno mental caracterizado pela preocupação obsessiva com o próprio corpo corpo. Assim, quem sofre com este distúrbio tem a percepção de um defeito imaginário no próprio corpo, o que faz com que acredite que todos percebem essa anomalia. Com isso, surge um comportamento de vergonha da própria imagem, desconforto na presença de outras pessoas e, muitas vezes, a busca por soluções como cirurgias.
O transtorno dismórfico corporal atinge 2% da população, cerca de 4,1 milhões só no Brasil. Além disso, costuma afetar jovens entre 15 e 30 anos. Não se sabe ao certo quais são as causas da dismorfofobia. Contudo, alguns estudos acreditam que ser gerado pela baixa autoestima, decorrente de uma infância deficiente de carinho e aprovação.
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Baixa autoestima tem cura?
Pessoas que sofrem com baixa autoestima tendem a acreditar que essa característica não tem “cura” e não pode ser mudada. No entanto, a boa notícia é que com algumas mudanças de comportamento e pensamentos, é possível aumentar a autoestima.
Baixa autoestima é hereditária?
Apesar de não existir estudos científicos que comprovem, alguns especialistas afirmam que a baixa autoestima pode ser hereditária. Desse modo, possivelmente há um fator hereditário no desenvolvimento da autoestima.
Como melhorar a sua autoestima
Cerque-se de pessoas que ajudem você a enxergar e resgatar seus valores
Inclusive com auxílio profissional. Fazer terapia é uma forma de mergulhar em suas camadas mais profundas e de descobrir a origem de suas inseguranças.
Faça uma lista com todas as qualidades e as conquistas que você possui
Além disso, deixe-a em um local visível para sempre se lembrar.
Inspire-se e se espelhe em pessoas que são exemplo de autoestima elevada
Que se amam como são, independentemente de peso, forma física e situação de vida. Lembre-se de que a satisfação deve ser de dentro para fora, mas ter ídolos que impulsionem esse processo pode ajudar.
Crie uma rotina de autocuidado
Com atividades que façam você se sentir bem. Experimente dar uma caminhada depois do trabalho, praticar yoga, meditar, fazer uma refeição saborosa. Tudo é válido para se sentir bem e se curtir.
Corte relacionamentos tóxicos de sua vida
Pessoas que reclamam demais, que julgam ou que fazem de tudo para que você se sinta desconfortável ou diminuído.
Se valorize!
Mesmo que você não se sinta satisfeito com sua imagem ou com algo em sua rotina, tudo bem. Valorize seus pontos fortes e crie estratégias para mudar o que não está bom.
Respeite seus altos e baixos
Mesmo com a autoestima elevada, é normal ter dias ruins e se sentir mal. Aprenda a diferenciar momentos de estados permanentes para não alimentar sentimentos negativos.
Busque autoconhecimento
Faça um curso, retiro ou qualquer vivência que alimente a mente com informações e experiências enriquecedoras. Às vezes, até um bate-papo com amigos pode ser uma oportunidade de recuperar a autoestima perdida.
Os exercícios físicos ajudam a aumentar a autoestima
De fato, os exercícios físicos trazem diversos benefícios não só para a saúde física, como também para a saúde mental. Inclusive, é uma ótima forma de aumentar a autoestima. Isso porque ao longo dos meses, as pessoas começam a notar mudanças significativas em seus corpos e melhoras em aspectos que tanto incomodavam.
Mas o aumento da autoestima através dos exercícios vai além da estética. Praticar atividades físicas melhora a qualidade de vida, traz mais disposição e combate o sedentarismo e procrastinação, contribuindo para uma visão mais otimista de si mesmo.
O recomendado é praticar pelo menos 150 minutos por semana de exercícios de intensidade moderada (como caminhada ou dança) ou pelo menos 75 minutos por semana de atividade aeróbica de alta intensidade (corrida, natação, ou tênis), de preferência espalhados ao longo da semana.
Como a terapia pode ajudar?
Admitir para si mesmo que precisa de ajuda psicológica para lidar com a baixo autoestima é o primeiro passo a ser dado, por mais difícil que seja. Assim, através de várias sessões, o terapeuta irá analisar as raízes do problema e encontrar a solução para ter uma autoestima mais elevada.
Dicas de como escolher um psicólogo
“Ser seletivo em sua escolha o ajudará a aproveitar ao máximo seu tempo em psicoterapia, possibilitando de forma assertiva o alcance dos resultados esperados. É importante escolher um psicoterapeuta que possua qualificação adequada para a demanda em questão e habilidades interpessoais eficazes para o paciente ter sentimento de confiança e sensação de progresso”, explica a psicóloga Rosangela Sampaio.
Muitas vezes, o paciente pode não se identificar com a abordagem do psicólogo. Portanto, é importante ressaltar que caso isso aconteça, o ideal é interromper o tratamento e buscar um perfil profissional que melhor se adeque às suas necessidades.
Primeira consulta
Certamente, a primeira consulta gera grande ansiedade nos pacientes. Dessa forma, é uma oportunidade de conhecer o psicoterapeuta pessoalmente – ou virtualmente – e determinar se ele é alguém com quem você se sentirá confortável em trabalhar.
De acordo com Rosangela, o relacionamento entre você e seu psicólogo começa a se desenvolver imediatamente, embora seja natural sentir um pouco de hesitação durante as primeiras sessões. Por isso, é fundamental prestar atenção se o terapeuta o recebe calorosamente e o deixa à vontade.
Mas ela também lembra que a primeira sessão não fará milagres. “Tanto a relação de trabalho positiva quanto o progresso futuro fazem parte de um processo que ocorre ao longo do tempo. Portanto, você pode não sair da sua primeira consulta sentindo-se ‘curado’. No entanto, você deve ter um sentimento de esperança realista ao final de sua primeira consulta, ou seja, é importante que o profissional tenha transmitido otimismo e esperança medidos.”
Se você gostar da primeira sessão, o ideal é marcar mais algumas consultas. “Pode levar algumas sessões para determinar completamente se você está progredindo com um terapeuta. Então, depois de três ou quatro semanas, não há problema em reavaliar para determinar se você deseja continuar”, ressalta Rosangela Sampaio.
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Fontes: Silvia Donati, coach e leader coach pela Sociedade Brasileira de Coaching; e Igor Lustosa, fisioterapeuta dermatofuncional; Rosangela Sampaio, psicóloga, escritora e apresentadora do programa Mulheres Em Flow.