O bem-estar delas: dicas de autocuidado com Alana Anijar

“Atenção, em caso de despressurização, máscaras cairão automaticamente. Coloque a máscara de oxigênio primeiro em você e só depois ajude outras pessoas”, diz o aviso sonoro durante a preparação para o voo. 

Para as mulheres, no entanto, seguir essa recomendação pode parecer ser um tanto contra o instinto, seja em caso de intercorrências com o voo ou em situações da vida cotidiana, com os filhos, carreira e até mesmo quando o assunto é saúde e bem-estar. 

Um estudo global da ASICS, “Move Her Mind”, conduzido de forma independente por pesquisadores acadêmicos, revelou que 50% das mulheres em todo mundo estão desistindo ou parando completamente de se exercitar. 

A pesquisa também apontou que, em comparação com o público masculino, as mulheres sofrem mais quando o assunto é saúde mental, autoconfiança, agitação da rotina e duplas jornadas.

Não por acaso, as razões para a desistência são variadas e vão desde a falta de tempo (74%) e a baixa autoconfiança (35%) até ambientes intimidadores (44%) ou a sensação de não se enquadrar como atleta (42%).

Contrariando as estatísticas

Para a psicóloga e host do Psicologia na Prática, podcast campeão de audiência no Spotify em 2022, Alana Anijar, é mais comum que as mulheres sejam as principais cuidadoras em suas famílias e comunidades, o que muitas vezes leva a colocar as necessidades dos outros antes das suas. 

Em meio a uma agenda superlotada, os primeiros itens a sair da lista de prioridades, mesmo que inconscientemente, são aqueles relacionados a saúde e o bem-estar. Se tem pressão no trabalho, é só deixar o treino para amanhã. Aqueles exames ginecológicos de rotina? Ficam para o ano que vem. 

Alana explica que, para priorizar o autocuidado feminino e sair das estatísticas, é importante começar com pequenas mudanças sustentáveis.

“Isso pode incluir reservar tempo regularmente para atividades que tragam alegria e relaxamento, como exercícios físicos que você goste, além de estabelecer limites saudáveis em relação às demandas externas. Lembre-se de que o autocuidado não é um luxo, mas sim uma necessidade fundamental para o bem-estar físico, emocional e mental”.

“Cuidar de si mesma não é egoísmo”

Uma rotina de autocuidado é capaz de aumentar a autorrealização das mulheres, agindo com um combustível para avançar cada vez mais em seus objetivos pessoais. A pesquisa global também apontou que, quando se exercitam regularmente, 80% das mulheres se sentem menos frustradas e 52% se sentiram mais felizes. 

Alana explica que, na verdade, o autocuidado está no sentido oposto ao egoísmo. “É fundamental reconhecer que cuidar de si mesma não é egoísta, mas sim uma parte essencial de ser capaz de cuidar eficazmente dos outros” e complementa: “Priorizar metas pessoais não significa negligenciar responsabilidades, mas sim reconhecer a importância do equilíbrio e do autocuidado para a saúde mental e física a longo prazo”, diz Alana. 

“Autocuidado não é luxo”

A saúde mental das mulheres está intrinsecamente ligada ao seu papel na sociedade. Pressões sociais, expectativas irrealistas e sobrecarga de funções no trabalho e em casa podem contribuir significativamente para o estresse, ansiedade e depressão entre as mulheres.

Para a psicóloga, reconhecer e desafiar esses fatores é fundamental para promover uma cultura de autocuidado feminino. “Percebo as mulheres cada vez mais conscientes da importância do autocuidado emocional, para que possam desempenhar melhor seus papéis com mais saúde e bem-estar. Entretanto, ainda temos muito o que avançar”, finaliza Anijar.

Dicas para priorizar o autocuidado com Alana Anijar

1 – Coloque a máscara de oxigênio primeiro em você

Priorizar metas pessoais não significa negligenciar responsabilidades, mas sim reconhecer a importância do equilíbrio e do autocuidado feminino para a saúde mental e física a longo prazo.

Portanto, fixe um compromisso primeiro com você criando uma lista de atividades que envolvam o autocuidado. Os itens podem ir desde de treinar, realizar exames periódicos, terapia e meditar. Outras atividades que geram satisfação pessoal também podem fazer parte da rotina, como comer bem, fazer compras e assistir a filmes que você gosta. 

2 – Feito é melhor do que perfeito

Para contornar a falta de tempo, é essencial incorporar estratégias que integrem atividades físicas à rotina diária. E pra fazer dar certo, vale tudo. Então, no primeiro momento, vale aquela velha máxima: “melhor feito do que perfeito”.

“Micro-exercícios, como caminhar durante reuniões por vídeo, utilizar as escadas em vez do elevador ou realizar breves sessões de alongamento durante as pausas no trabalho, pode ajudar a maximizar o tempo disponível”. 

Embora a otimização do tempo seja uma boa forma de começar, lembre-se que para se dedicar de forma intencional ao autocuidado, ele precisa fazer parte da sua rotina de maneira fixa. Segundo recomendações da Organização Mundial da Saúde – OMS, adultos devem praticar pelo de 150 a 300 minutos de atividades físicas por semana.

3 – Faça do seu jeito

O exercício físico tem o potencial de mexer com a química do nosso corpo e estimular a produção de diversas substâncias que causam alegria e disposição, como endorfina, serotonina e adrenalina, além de ajudar a regular o sono e outras funções do organismo.

“Porém, se a academia é um ambiente que intimida, que tal convidar algumas amigas para uma caminhada no parque?”, recomenda a psicóloga. Embora a musculação nas academias seja uma das formas de se manter em movimento, essa não é a única opção. 

É possível se manter em movimento através de outras atividades, como pilates, natação, corrida ou até mesmo sessões de treino individual em casa. O importante é criar um ambiente de apoio e incentivo mantendo o compromisso de cuidar de si mesma. Encontre atividades que proporcionem bem-estar. 

4 – Alivie a cobrança

A insatisfação pessoal pode ser uma armadilha perigosa que pode levar a novas desistências e decepções se não for abordada adequadamente. É importante validar esses sentimentos, mas também desenvolver estratégias para transformar a insatisfação em motivação, priorizando o autocuidado feminino.

Isso pode envolver a definição de metas realistas e alcançáveis, celebrar pequenas vitórias ao longo do caminho e buscar apoio emocional de amigos, familiares ou profissionais de saúde mental, se necessário.

Veja também: Treino de 30 minutos: conheça 6 modalidades que vão além da musculação

• Fonte: Alana Anijar, psicóloga especialista em TCC e host do Psicologia na Prática, o maior podcast de saúde mental do Spotify.