Apneia do sono acelera envelhecimento, diz estudo
Dormir é essencial para que o corpo e a mente descansem e se recuperem para o dia seguinte. Entretanto, ter um sono saudável não é uma realidade para todo mundo. Na verdade, 40% da população mundial tem alguma dificuldade para dormir, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). O ronco, por exemplo, além de incomodar outras pessoas, atrapalha o próprio indivíduo que libera os ruídos durante a noite. Entre as causas que acarretam tal distúrbio, a apneia do sono se mostra uma grande potencializadora. Além de impedir uma boa noite de sono, a apneia do sono acelera o envelhecimento, aponta um estudo.
A condição costuma obstruir parcialmente ou totalmente as vias respiratórias do indivíduo enquanto ele está dormindo. Por consequência, a falta de oxigênio faz com que a pessoa acorde diversas vezes e não consiga ter um sono de qualidade.
Pesquisadores da Universidade do Missouri (Estados Unidos) buscaram entender a relação entre a apneia obstrutiva do sono (AOS) e a aceleração epigenética da idade. Eles analisaram 16 não fumantes adultos que sofrem com AOS. Depois, os compararam com oito indivíduos que não possuem a condição durante o período de um ano.
Além disso, eles lançaram mão do teste de aceleração epigenética, que necessita da realização de um exame de sangue que analisa o DNA e utiliza um algoritmo para identificar a idade biológica. Depois disso, o grupo com diagnóstico recebeu tratamento contínuo por um ano antes de ser testado novamente.
Resultados da pesquisa
Por fim, os condutores do estudo perceberam que as interrupções causadas pela apneia, juntamente com a baixa oxigenação durante o sono, causaram uma aceleração na idade biológica. No entanto, aqueles que foram contemplados com o tratamento do distúrbio tiveram um resultado melhor e mostraram uma desaceleração da idade epigenética.
Riscos da apneia do sono
Além da questão ligada ao envelhecimento, a apneia do sono também acarreta em outros problemas para a saúde do indivíduo que sofre com a condição. Ela está ligada, por exemplo, a um maior índice de problemas cardíacos, já que os sintomas causados pela AOS fazem com que o coração fique sobrecarregado.
“Hoje, existem evidências de que a apneia do sono pode contribuir para aumentar a pressão arterial, o risco de arritmias e a ocorrência de infartos e derrames. A relação, às vezes, pode ser reversa, ou seja, algumas doenças do coração podem favorecer também o surgimento ou a piora da apneia do sono”, explica o médico cardiologista Luciano Drager.
Além disso, a saúde mental da pessoa que tem apneia do sono fica comprometida. Dormir bem é essencial para ajustar os níveis de cortisol, por exemplo, hormônio relacionado ao estresse. O desequilíbrio causado por noites de sono ruins pode acarretar em transtornos maiores, como a ansiedade.
“Indivíduos que não conseguem ter um dia normal porque dormiram mal, acordaram muitas vezes à noite e ficaram irritados e cansados podem ter alterações emocionais de forma mais duradoura e apresentar alguns sintomas, como a ansiedade”, aponta o psiquiatra Fábio Aurélio Costa Leite.
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Apneia do sono acelera envelhecimento: Como tratar?
Em alguns casos, como os de indivíduos que possuem desvio de septo ou problemas na amígdala, há a indicação cirúrgica por parte do médico. Entretanto, existem casos nos quais a operação não é o melhor caminho.
Atualmente, o tratamento mais usado para a apneia do sono é o CPAP, um aparelho que realiza uma pressão positiva contínua nas vias aéreas. Ele consiste em um tubo, ligado a uma máscara, que envia fluxos de ar para o nariz e para a boca da pessoa enquanto ela dorme.
Ao observar sintomas como ronco excessivo, despertares noturnos por engasgo, cansaço e sonolência diurna, é indicado marcar uma consulta com um especialista. Ele poderá identificar a existência ou não da apneia do sono e prescreverá o tratamento ideal para cada caso.