Por que temos dor de barriga quando estamos ansiosos?

Equilíbrio Saúde
02 de Maio, 2022
Por que temos dor de barriga quando estamos ansiosos?

Você já sentiu aquela vontade de correr para o banheiro antes de um evento importante? Provavelmente sim, afinal, todos passam por isso em algum momento da vida. Mas o que muitos não sabem é sobre a relação entre a ansiedade e o intestino. 

Assim, o indivíduo pode ter os sintomas comuns de ansiedade, como tremores, batimentos cardíacos acelerados, falta de ar, sudorese e também náuseas ou diarreia.

Entendendo o intestino

Em primeiro lugar, o intestino é um dos maiores órgãos do nosso corpo. Dessa forma, ele tem uma área de extensão de aproximadamente 250 metros quadrados, chegando a ter o tamanho de uma quadra de tênis. 

De acordo com o Dr. Carlos Portela, cardiologista e médico do esporte, antes o intestino era conhecido por ser responsável pela digestão, absorção e transporte de nutrientes. Mas, na verdade, o intestino assume um papel de importância na regulação e manutenção da saúde de todo o corpo. 

“Mais de 80% da nossa imunidade tem sua concentração e modulação nesse órgão, não podemos desconsiderar o importante papel dele no controle e prevenção dessas doenças. Quando viajamos e saímos da dieta, colocando alimentos mais inflamatórios, percebemos maiores dores musculares, dores de cabeça, fadiga. Ou seja, quando colocamos alimentos e substâncias inflamatórias em um órgão que tem seus 250m2 de área, geramos um processo inflamatório que é perceptível, mas que a grande maioria das pessoas não davam a devida importância”, diz o especialista.

Alguns sinais clássicos de um mau funcionamento intestinal são excesso de gases, empachamento, frequências aumentadas ou diminuídas de idas ao banheiro, desconforto e dores abdominais, azia e sensação de má digestão.

Por que a ansiedade dá dor de barriga?

O médico cardiologista ressalta que o intestino é considerado o nosso segundo cérebro e tem uma relação íntima com o sistema nervoso. “É responsável pela regulação de apetite, níveis de energia, emoções, atitudes, aprendizado e memória.”

Desse modo, as pessoas costumam sentir o intestino mais “solto” quando estão ansiosas pelo simples fato desse órgão ter ligação direta com o cérebro. “Por isso quando em situações de estresse podemos perceber aquela dor de barriga, náuseas, episódios de diarreia, alterações de humor e irritabilidade e sensação de coração acelerado”, explica Dr. Carlos.

Além disso, o intestino é responsável pela produção de quase 90% da serotonina, o “famoso” hormônio do bem-estar. 

“Um ponto importante para ressaltar é a relação que sabemos hoje entre a saúde intestinal e o crescente aumento dos casos de depressão e ansiedade. Boa parte dos medicamentos utilizados para controle dessas patologias são responsáveis por modular a serotonina. Mas se você não tem uma boa saúde intestinal a medicação perde parte da sua efetividade, deixando muitas vezes as pessoas dependentes da medicação por um longo período”, explica o cardiologista.

Síndrome do intestino irritável

A  síndrome do intestino irritável (SII) é uma doença crônica que, ao contrário do que muitos imaginam, não evolui para câncer de intestino, nem oferece riscos maiores, mas pode afetar a qualidade de vida e ser muito incapacitante.

Segundo o Dr. Carlos, a causa da ainda não é bem compreendida e o diagnóstico costuma ser feito com base nos sintomas, que incluem dor abdominal, inchaço, diarreia e constipação.

Leia mais em: Síndrome do intestino irritável: conheça as causas, sintomas e tratamentos

O tratamento dos sintomas é feito por meio do controle de dieta, estilo de vida e gerenciamento do estresse. Contudo, algumas pessoas precisam de medicação e terapia e cuidados mais específicos. 

“Existe uma relação direta entre o desequilíbrio da flora intestinal, a chamada disbiose, e a SII. Um dos fatores relacionados a ambas é o estresse que pode ser físico, mental e emocional. Por isso uma visão ampla e integrativa da saúde se faz importante. Mudanças de padrão alimentar com diversificação e qualidade nutricional, práticas de atividade física, melhora da qualidade de sono e gerenciamento de estresse e ansiedade com técnicas específicas são as armas para o combate de todas essas desordens”, afirma o cardiologista Dr. Carlos.

Fonte: Dr. Carlos Portela – Cardiologista e Médico do Esporte 

Sobre o autor

Julia Moraes
Jornalista e repórter da Vitat. Especialista em fitness, saúde mental e emocional.

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