Alho no nariz para aliviar sinusite: Truque do TikTok não é recomendado

Quem sofre com crises de sinusite frequentes (inflamações na mucosa dos seios da face) provavelmente já ouviu algumas dicas sobre como aliviar a congestão nasal, um dos sintomas da doença. Contudo, é preciso atenção: nem todo truque que vemos por aí é saudável para o nosso corpo. Enfiar alho no nariz, por exemplo — o novo desafio do TikTok —, é um deles.

Alho no nariz: Por trás da moda

Com mais de 80 milhões de visualizações e 9,5 milhões de curtidas, o vídeo que lançou a tendência é da usuária @laurenwelxn. Nele, a mulher aparece com dois dentes de alho crus encaixados em cada uma das narinas.

“Eu posso sentir o alho no fundo da minha garganta”, ela diz antes de emitir um som de engasgo. O objetivo era ficar dessa maneira por 30 minutos, mas ela aguenta apenas 15, e retira o alimento. Em seguida, mostra um muco espesso e transparente saindo do nariz.

Não demorou muito para outras pessoas testarem a ideia, que ganhou até uma hashtag: #garlicinnose. Entretanto, especialistas dizem que enfiar alho no nariz não é a melhor maneira de evitar a congestão e nem de fazer a higiene nasal. Entenda.

Leia também: Ingerir o pré-treino sem água: Moda do TikTok faz mal?

Por que você não deveria colocar alho no nariz

Ao obstruir as narinas, que deveriam ficar livres para a drenagem natural dos seios da face (afinal, é de lá que sai o muco), você obriga o organismo a reservar essa espécie de “gosma”. Além disso, o alho irrita a região, promovendo a produção de ainda mais muco.

É por isso que, quando as pessoas retiram o alimento das narinas nos vídeos, sai aquela quantidade imensa de líquido transparente. Ou seja, não é como se o alho estivesse “limpando” as vias respiratórias: seu corpo apenas está expelindo o que ficou preso lá dentro.

Sem contar que as membranas internas presentes no nosso nariz são extremamente sensíveis. Colocar alho nelas, então, pode provocar coceira, sensibilidade e até sangramento. Por fim, vale lembrar que enfiar qualquer objeto pequeno, como um dente de alho, no nariz, aumenta o risco de asfixia caso você inale-o acidentalmente.

Leia também: Sinusite: Alimentos que aliviam os sintomas

Como fazer a higiene nasal correta?

Apesar de especialistas não indicarem colocar alho no nariz para realizar a higiene do local, lavar a região pode ser benéfico para prevenir infecções. Contudo, não é o que a maioria dos brasileiros acha: cerca de 87,5% desconhece que o nariz é a parte mais importante do corpo para evitar doenças. Foi o que mostrou uma pesquisa feita pelas empresas Toluna Insights e Xlear.

Os dados destacaram, ainda, que a população brasileira prioriza lavar as mãos (50%), lavar o corpo (mais de 15%) e tratar feridas (15%) quando se trata de hábitos de higiene. Mas negligencia o nariz — apenas 18,75% das pessoas lavam a região uma vez ao dia.

Especialistas afirmam que problemas respiratórios podem ser evitados com a higiene nasal regular. Além disso, limpar o nariz é uma maneira eficaz de impedir que os vírus cheguem aos pulmões e outros órgãos. “É pelo nariz que organismos como bactérias e vírus atacam e entram em nosso corpo. Lá, eles se instalam e depois se espalham para outros lugares. Fazendo a higiene nasal, podemos evitar que eles se desloquem das vias aéreas superiores para as inferiores, causando mais danos à saúde. Nosso nariz e vias aéreas superiores têm ótimos mecanismos de defesa que nos protegem, mas a lavagem torna-se uma ajuda extra”, afirma o pneumologista Gustavo Ferrer.

Passo a passo

De acordo com o médico, a melhor maneira de limpar o nariz é com soro fisiológico e/ou spray de xilitol. Algumas substâncias funcionam como anti-histamínicos e bloqueiam a entrada de vírus, como o da Covid-19.

Pesquisas recentes, ainda iniciais, têm apresentado bons resultados em relação ao uso de spray nasal. “Mais análises precisam ser feitas. No entanto, é mais um motivo para confiar que a higiene nasal, aliada às medidas como máscara e distanciamento social, podem ajudar no controle da disseminação do coronavírus ”, ressalta Gustavo Ferrer.

Leia também: Alergias respiratórias: Quais as principais, sintomas e como tratá-las