Hábitos alimentares que atrapalham a absorção de nutrientes
Prestar atenção a como comemos é tão importante quanto prestar atenção ao que comemos, sabia? Isso porque alguns hábitos alimentares podem até parecer inofensivos, mas eles afetam a saciedade e até a absorção de alguns nutrientes!
A seguir, a nutricionista e professora Fernanda Maniero, coordenadora do curso de Nutrição da Faculdade Anhanguera, elenca alguns costumes conhecidos por atrapalharem o processo de digestão:
Tomar um cafézinho depois do almoço
A tradição é bem brasileira: quem não ama uma boa xícara de café depois de uma refeição completa? Contudo, ela não é a mais indicada por nutricionistas.
“Estudos apontam que o café consumido logo após o almoço prejudica a absorção de minerais e vitaminas como o ferro e a vitamina C pelo intestino, principalmente aqueles oriundos de alimentos como feijão, carne vermelha, legumes e hortaliças de folhas escuras”, explica a especialista. Isso acontece por causa de dois compostos presentes na bebida: a cafeína e os taninos.
O ideal, então, é consumir o café até duas horas antes de comer, bem como esperar pelo menos 45 minutos para partir para uma xícara pós-almoço.
“Para quem não consegue ficar sem o hábito de ingerir o café depois de comer, é possível substituir a bebida por chás verde e preto, entre 15 e 30 minutos depois da refeição. É preciso lembrar ainda que o cafezinho não é vilão: ele colabora para o metabolismo do organismo”, complementa Fernanda Maniero.
Leite com as refeições atrapalha a absorção de nutrientes
Já esta outra prática não é tão comum no Brasil, mas geralmente aparece em filmes e séries estrangeiros: almoçar ou jantar ao lado de um belo copo de leite animal. Infelizmente, o alimento também pode afetar a nossa digestão.
“Reduz a absorção do ferro presente nos vegetais, nas leguminosas e nas carnes. O ideal é que o leite seja consumido em refeições mais leves, como no café da manhã e/ou nos lanches intermediários, sendo recomendadas 3 porções de laticínios por dia”, aconselha a nutricionista.
Ingerido dessa forma, o alimento pode trazer muitos benefícios para a saúde de quem o tolera bem. “Possui cálcio, que auxilia em funções estruturais (desde formação e manutenção do esqueleto até regulação da função neuronal). Além disso, pode atuar na inibição da proliferação de algumas células cancerígenas.”
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Mas e o chocolate?
Por alguns tipos levarem leite em suas composições, muita gente se pergunta se o chocolate após o almoço é uma boa ideia. E a resposta é que se, possível, vale priorizar as versões mais amargas (com pelo menos 70% cacau). E sobre o melhor horário para ingerir o doce, ao contrário do que a maioria pensa, depois de grandes refeições parece ser a melhor ideia!
“Isso serve para evitar o pico glicêmico do açúcar do chocolate. Porque quando consumido logo após uma refeição completa nutricionalmente, como o almoço, as fibras auxiliam no equilíbrio e no controle da glicemia pós-prandial [aumento da glicose no sangue 10 minutos após o almoço]”, diz Fernanda Maniero.
Nesse momento, explica a especialista, a absorção do chocolate não acontece 100%, uma vez que ele “compete” com outros tipos de nutrientes no trato gastrointestinal — como carboidratos, proteínas e gorduras.
O ideal é comer de 25 a 30g de chocolate por dia — o equivalente a três ou quatro “quadradinhos” da barra, dependendo do tamanho. E, como já dito, vale escolher as versões mais amargas, já que elas contêm compostos bioativos que apresentam atividades anti-inflamatórias e antioxidantes (boas para a saúde do coração e do cérebro, e para a sensação de bem-estar).
Beber muita água durante a refeição afeta a absorção de nutrientes
“Os líquidos podem prejudicar a percepção de saciedade do indivíduo e dificultar a absorção de nutrientes pelo organismo na hora da digestão”, alerta a especialista.
Para quem não consegue ficar sem líquidos no almoço ou na janta, basta reduzir a quantidade para até um copo americano. “Isso pode ajudar quem produz pouca saliva, aliviando a sensação de boca seca e a dificuldade para engolir os alimentos. Chás naturais e água de coco também são boas opções.”
Aposte também em frutas in natura com alto teor de água, por exemplo: laranja, melancia e abacaxi. Elas contam, ainda, com muitas fibras, que diminuem o apetite e melhoram a digestão.
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O mesmo vale para os refrigerantes
E outras bebidas gaseificadas, sucos industrializados e refrescos em pó. “Além dos malefícios da ingestão de líquidos já citados anteriormente, essas bebidas costumam ser altamente calóricas. Sem contar que carregam quantidades consideráveis de substâncias nocivas à saúde, sódio e açúcares”, diz a profissional.
Fonte: Fernanda Maniero, nutricionista, professora e coordenadora do curso de Nutrição da Faculdade Anhanguera.